sábado, 25 de junho de 2011

Jesus Cristo mudou meu viver (gravação original)


Canção gravada pela 1ª vez no Brasil, pelo Conjunto Som Maior e que está presente no LP Mais de Cristo. Devido ao imenso sucesso deste conjunto entre os crentes de todas as denominações nos anos 80, muitos anos mais tarde, esta mesma canção foi regravada por Aline Barros e Mara Maravilha.

quarta-feira, 22 de junho de 2011

terça-feira, 21 de junho de 2011

Espiritualidade Contemporânea

Espiritualidade contemporânea
(Preparado pelo pastor Isaltino Gomes Coelho Filho para o Retiro da Ordem dos Pastores Batistas do Brasil – Seção São paulo. 4, 5 e 6 de janeiro de 2005)

INTRODUÇÃO
O assunto é banal e aparentemente não despertaria muito interesse. Nenhum pastor poderá se acusado de não ter espiritualidade. Seria uma acusação até primária. O simples fato de uma pessoa se ocupar de realidades espirituais mostra que ela é espiritual. Pode ter deficiências espirituais ou algum tipo de espiritualidade pervertida, mas obviamente terá espiritualidade.
Por outro lado, o tema pode despertar algumas perspectivas que o preletor não terá como atender, nem mesmo o grupo poderá produzir. Alguém poderá presumir que terá aqui um atalho para ser mais espiritual, para ter mais poder, ou que receberá algumas dicas sobre como energizar sua vida e assim fazer deslanchar o ministério. Isto não será uma receita de bolo, que, obedecendo-a direitinho, sai o produto prometido. Até mesmo porque não prometo nada. Por isto, vamos definir o que trataremos. Na proposta da Ordem, quando me estendeu o convite, veio este trecho, que reproduzo e procurei seguir:
“A ênfase seria no ministério pastoral como fruto do desenvolvimento de uma amizade íntima com Deus, que resulta em plena satisfação em Deus, que molda o caráter e a agenda do pastor, e não no ministério como um serviço, que alguns só conseguem percebê-lo como obrigatório e quase que escravo, que o homem presta à Deus. O relacionamento estaria em foco.”
Partiremos daqui. De início quero deixar um esclarecimento que se faz necessário: não pretendo ensinar técnicas de espiritualidade nem dar lições de santidade. Até mesmo porque não há técnicas para ser espiritual e santidade não se transfere nem se aprende de pessoa alguma. E preciso aprender muito nesta área. Sou um aprendiz e não um mestre. Espiritualidade também é questão de vivencia e não técnica. Aprende-se de Deus, no relacionamento com Ele. Espiritualidade não é cognitiva, é experiencial, se é autêntica, não pode ser copiada. Deve brotar de dentro da pessoa em sua vivência com Deus. Não sou melhor do que alguém em nada e serei honesto: nem mesmo vou apresentar um material estrondoso que mudará a história do ministério batista em São Paulo. Não esperem por isso. Vamos refletir juntos e compor, juntos, as palestras. Será um trabalho conjunto. E vamos começar nosso assunto definindo, inicialmente, o que espiritualidade não é.

1. O QUE ESPIRITUALIDADE NÃO É
Há muitos equívocos nesta área de espiritualidade e embora não seja eu a última palavra no assunto, creio que seria boa medida começarmos com a desmistificação de alguns conceitos correntes entre nós.

(1) Espiritualidade não é pieguice
Se preferirem um termo menos clássico e mais coloquial, espiritualidade não é melosidade. Não é aquela voz adocicada nem os gestos ensaiados que impressionam ao incauto, mas que não correspondem ao caráter da pessoa. Todos nós conhecemos, em nossas igrejas, aquele irmão “fala mansa”, que quer impressionar (chega até a andar com os ombros curvados), mas é maldoso, fofoqueiro, trama contra os outros, ambiciona poder e é autoritário, quando não é mesmo nutrido de arrogância espiritual. Exibir espiritualidade é o caminho mais rápido para a ascensão eclesiástica. Há muita gente carente, emocionalmente falando, em nossas igrejas. Aspira à liderança, não por amor à Cristo, mas por necessidade de reconhecimento, julga-se (e precisa que os outros o julguem também) um grande crente. Chamo à isto de Síndrome de Simão, o mago, aquele cidadão encontrado em Atos 8.9-10, que se presumia “grande personagem”. Espiritualidade é mais caráter que fachada. Não é ar compungido, são atitudes que se mostram, inclusive, no relacionamento horizontal e não apenas no vertical. Charles Colson comenta sobre espiritualidade objetiva em um de seus livros, citando Wesley: “João Wesley argumentava veementemente que não pode haver santidade, a não ser santidade social (...), transformar o cristianismo numa religião solitária é destruí-lo”. Desconfio muito, e vejo com muitas reservas, o santo místico que não consegue se relacionar com os outros e não sabe viver subordinado à alguém. Santidade e grosseria na mesma pessoa é um tanto estranho.

(2) Espiritualidade não é nem pode ser um meio para se alcançar um fim.
Muita gente pensa em cultivar espiritualidade para alcançar as bênçãos de Deus. “Se eu orar mais, se eu ler mais a Bíblia, se eu me dedicar mais às disciplinas espirituais obterei sucesso na minha vida espiritual”. Com esta mentalidade, a espiritualidade se desvirtua. Torna-se um meio para se obter um fim. Há também uma grande luta por poder no ambiente eclesiástico e denominacional. Busca-se poder em termos de dominação (quanto mais espiritualidade se mostra, mais espaço se tem, tanto na igreja quanto na denominação – se bem que nesta última vai se depender da capacidade de relacionamentos políticos) e poder em termos de impressão. Gente que ambiciona poder. Espiritualidade é o meio mais fácil e quem a cultiva, nesta compreensão, torna-se hipócrita.

(3) Não é a moeda de troca para impressionar à Deus
Muita santidade é mero legalismo esquecida da graça. “Eu preciso”, “eu devo”, “eu tenho”, e lá se vai a pessoa se esfalfar de atividades espirituais porque pensa que assim Deus se agradará dela. Deus já se agradou de nós em Jesus. Não há nada que façamos que o leve à se desagradar de nós. Poderá se desagradar de nossas atitudes, mas de nós, nunca. Ele nos aceitou em Jesus e não é nosso mérito. É o mérito de Jesus. Ele, o Pai, nos conhece, sabe quem somos, e se somos obreiros, somos porque Ele nos chamou. Cabem aqui as palavras de Paulo em 2Coríntios 4.7, que diz mas temos esse tesouro em vasos de barro, para mostrar que este poder que a tudo excede provém de Deus, e não de nós. O mérito é de Deus, nunca nosso. Isto não significa que podemos relaxar, descuidar da nossa vida e viver na gandaia, de forma alguma. Significa que a espiritualidade não deve ter a motivação de trazer Deus para nosso lado, para ser nosso amigo. Ele já é mais que amigo, é nosso Pai. Neste caso, a espiritualidade é por gratidão e por amor.

(4) Não é atitude de consumo para impressionar os liderados
Este é o aspecto horizontal do tópico anterior. Aquele foi o aspecto vertical. Ambos têm o mesmo significado: espiritualidade para o consumo externo. Há gente que imposta a voz, que a adorna com tremeliques, que exibe gestos teatrais. Faz questão de alardear como ora e quando jejua. As palavras de Jesus mostram que a espiritualidade deve ser direcionada para Deus e não para os homens. Ao jejuar, arrume o cabelo e lave o rosto, para que não pareça aos outros que você está jejuando, mas apenas à seu Pai, que vê em secreto, o recompensará (Mateus 6.17-18). Diga-se de passagem que os liderados mais maduros sabem quando o líder está sendo natural e quando está sendo artificial. Quando vejo uma pessoa “transbordando espiritualidade” por todos os poros, procuro por sua família, para ver como seu cônjuge e seus filhos são. A espiritualidade de consumo externo produz resultados negativos no ambiente interno. Os resultados negativos são o melhor termômetro, porque são as conseqüências. E têm um preço. Os que convivem de perto com o hipócrita descrêem do que ele prega.

(5) Não é uma obrigação
Já houve dias em que não tive tempo de orar pela manhã e estava tão cansado que, se fosse orar à noite, dormiria. Começaria a orar e, como outras vezes, as imagens do dia viriam à mente. Em situações assim, pode bater aquela sensação de culpa, afinal, deixamos de cumprir uma obrigação com Deus. Se pensarmos em espiritualidade como sendo meros atos devocionais, isto nos trará grandes problemas. Não devemos entender dessa maneira e também não devemos vê-la como uma obrigação que nos é imposta. A beleza de relacionamentos está na sua espontaneidade e na vontade de mantê-los. Lembro-me de ter ouvido uma palestra para casais em que a preletora falou das relações sexuais como sendo “dever conjugal”. Que expressão infeliz! Fiquei pensando: “Deve ser muito ruim para ela, para ver como dever”. O relacionamento com Deus, da mesma maneira, não deve ser visto como se fosse uma obrigação, mas como se fosse uma alegria, é celebração. Obrigação pode se tornar enfadonho. Celebração traz satisfação.

(6) Não é uma série de atitudes episódicas, como orar, ler a Bíblia, murmurar um hino
Estas coisas são boas, mas elas não são a essência da espiritualidade. Espiritualidade não pode ser confinada a momentos ou a situações. Conta-se de um homem de Deus que os colegas admiravam pela vitalidade do seu relacionamento com o Senhor. Dois colegas deitaram debaixo de sua cama para ver como seria a sua oração. Esperavam algo fantástico, assombroso mesmo! Como estava muito cansado, o homem de Deus apenas murmurou: “Bem, Deus, foi um bom dia hoje. O Senhor foi muito bom comigo. Obrigado e até amanhã”. Os colegas ficaram surpresos e o interpelaram pela manhã, ensejando-lhe a oportunidade de corrigir-lhe o equívoco. Espiritualidade não se mensura por um momento de oração. A espiritualidade dentro do templo, divorciada da vida real, sempre me soou hipócrita. Da mesma forma, a espiritualidade apenas no púlpito ou nas palestras a serem feitas. Ela não é pontilear, momentânea. É linear, constante. É mais uma atitude, como comentaremos depois, que um evento.

2. O QUE ENTENDO POR ESPIRITUALIDADE
Bom, apresentar aspectos negativos é bem mais fácil que afirmar. O que é espiritualidade? E o que é espiritualidade contemporânea? O adjetivo “contemporânea” tem a ver com a sua praticabilidade em nosso tempo. Não somos os homens dos tempos bíblicos nem os da época da Reforma. Nossa época é agitada, dinâmica, cheia de armadilhas e é uma época pós-cristã, quando os valores cristãos são duramente contestados pela sociedade. Ser manso é ser frouxo. Perdoar é coisa de otário. O que vale é “bateu, levou”. Esse negócio de ajuntar tesouros na terra e sim nos céus não funciona. Há grupos evangélicos que formaram autênticos impérios econômicos e nós, batistas, estamos marcando passo. O mundo é um vasto Coliseu e aprendemos da história que os cristãos sempre perdiam no Coliseu e os leões é que venciam. É melhor ser leão do que cristão.
Levei um choque quando cheguei no Canadá e vi uma placa à porta da Igreja: “Come in and pray for rain” (entre e ore por chuva). Era uma época de seca e os irmãos canadenses estavam orando por chuva. Meu primeiro registro mental foi: “Pode-se produzir chuva bombardeando as nuvens com nitrato de prata”. Eu, terceiromundista, sabia disso e eles, primeiromundistas, não sabiam? Então caí em mim: “Gente, estou banindo Deus do mundo físico!” Como ser espiritual em tempos assim, quando nossa própria mente nos trai? Temos uma formação na igreja e recebemos outra, que nos molda, fora da igreja.
(1) Precisamos entender que espiritualidade deve ser uma atitude autêntica, sem um alvo que não seja apenas a comunhão com Deus pelo prazer da comunhão com Deus
A busca por Deus deve ter Deus como motivação e como finalidade da busca. Lembremos que Jesus disse a verdade é que vocês estão me procurando, não porque viram os sinais miraculosos, mas porque comeram os pães e ficaram satisfeitos (João 6.26). Gente que procurava por Jesus para ter suas necessidades satisfeitas. Que fé mesquinha, a que busca interesses pessoais! Em contrapartida temos a palavra de Jó, que dizia Embora Ele me mate, ainda assim esperarei Nele (Jó 13.15). Esta é a fé verdadeira, a espiritualidade autêntica, a que se expressa não por motivo secundário, mas pela busca de Deus. É motivada pelo amor. No dia 19 de dezembro, publiquei uma pastoral de boletim com o título: “E Deus não ajudou o Guarani”. Dele extraio esse trecho: “A religião cristã não é mais uma maneira de conseguir as coisas de Deus. É amar a Deus acima de tudo, pois este é o primeiro mandamento: ‘Mestre qual é o maior mandamento da Lei? Respondeu Jesus: Ame o Senhor, teu Deus, de todo o seu coração, de toda a sua alma e de todo o seu entendimento.’ (Mateus 22.36-38) Este é o primeiro e maior mandamento. Deus deve ser amado pelo que é, deve ser buscado pelo que Ele é, nunca pelo que pode nos dar, ou pelo que julgamos que Ele deve nos dar”. Espiritualidade deve ser cultivada por amor à Deus e não porque somos pastores. E porque somos crentes em Jesus Cristo, regenerados, lavados no seu sangue. Devemos amar à Cristo. Uma senhora da minha igreja, batizada há um ano, me disse um dia desses: “Pastor, no meu coração não cabe tanto amor por Jesus”. Fiquei muito impressionado, mas até um pouco frustrado. Isto deveria ser dito pelo pastor dela, eu. Porque isto é o que produz a verdadeira espiritualidade, o amor ao Senhor.

(2) Uma aspiração natural da alma do regenerado
Não é nem por ser pastor, mas por ser um regenerado. Ó Deus, tu és o meu Deus, eu te busco intensamente; a minha alma tem sede de ti! Todo o meu ser anseia por ti, numa terra seca, exausta e sem água, disse o salmista (Salmos 63.1-2). A alma piedosa tem anseios espirituais profundos, que nunca se saciam. A verdadeira espiritualidade se expressa em forma de um profundo desejo de Deus, nunca por obrigação. É um anseio natural do coração do regenerado. Sentimos profundo desejo de Deus, mas nunca por obrigação. É um anseio natural do coração do regenerado. Sentimos fome, sentimos sede e também outras necessidades naturais. Um regenerado devia sentir isto como natural, a fome e a sede de Deus. Esta é uma questão que me intriga. Vejo gente, inclusive obreiros, mais fascinada por Marx, Freud, Comte, Piaget, Weber, do que pelo próprio Deus. Vejo jovens mais empolgados com Cazuza, com KLB, Roupa Nova, Kelly Key, do que por Jesus. Pastores falando mais de George Bush e Lula do que de Jesus. Como pode ser isto? Quando nós mesmos não buscamos nutrir nossa espiritualidade prejudicamos não apenas à nós, mas ao nosso rebanho. No excelente livro Se eu começasse meu ministério de novo..., Drescher tem um capítulo em que alista sete declarações de Deus à liderança religiosa de Jerusalém. Cito-o aqui: “A primeira das sete declarações feitas aos pastores no livro de Jeremias é uma queixa: os sacerdotes não disseram: ‘Onde está o Senhor?’ e os que tratavam da lei não me conheceram (Jeremias 2.8)”. quando a liderança não busca à Deus, o povo não é alimentado e se desvia. Por isso, também, o líder precisa ter fome e sede de Deus. Só assim poderá alimentar o povo. Se ele se alimenta errado, os liderados se alimentarão erradamente. Se Jesus não é seu foco, não será o dos liderados.

(3) A compreensão de um absoluto chamado Jesus
Somos cristão, temos que partir deste ponto. A paixão maior de nossa vida deve ser Jesus Cristo. É fácil amar prédios, regulamentos e uma carreira, mas somos chamados a seguir e a amar Jesus Cristo. Examinei vários livros para refletir sobre a questão espiritualidade, para confecção desta palestra. Li livros como o já citado de Drescher e outros como De Pastor Para Pastor (Erwin Lutzer, Editora Vida), Despertando Para Um Grande Mistério – Um Livro de Pastor Para Pastor (London Jr. E Wiseman, Editora Mundo Cristão), O Pastor Aprovado (Baxter, PES), Recomendações Aos Jovens Teólogos e Pastores (Thielicke, Sepal). Eles falam de amar e honrar a vocação, de amar a igreja, amar o rebanho. Nem um deles tem um capítulo sobre a paixão por Jesus, por esta fantástica pessoa, o absoluto de nossa fé. Por incrível que pareça, foi no livro de um teólogo católico (às turras com a Igreja Católica) que encontrei um capítulo sobre o fascínio de Jesus. O livro é Por Que Ser Cristão Ainda Hoje?, de Hans Küng. Tenho receio de me repetir, mas já manifestei muitas vezes meu assombro como fato de que Jesus desapareceu de nossos corinhos (presentemente chamados de “louvor” na nova semântica), em muitas pregações, e sua cruz desapareceu de igrejas, substituídas pela menorah e pela estrela de Davi. Mas a espiritualidade contemporânea não pode ser de sensações, de êxtases, esquecida de que Jesus é o Autor e Consumador da fé, Senhor da igreja, Senhor da nossa vida, Senhor do nosso ministério, Senhor de tudo o que temos e somos. Fui o orador em uma formatura teológica, em 2004, e pronunciei, no discurso, a expressão a seguir: “Parece irônico ou surrealista, mas o grande problema dos cristãos contemporâneos é o que fazer com Cristo. Quando a Igreja Católica emite seus conceitos, fá-lo baseada na sua autoridade, nos seus teólogos, na sua estrutura de pensamento. É difícil ver uma referência a Jesus nas suas declarações. Da mesma forma sucede com os evangélicos. Quão pouco se prega sobre Cristo! Sua figura está esmaecida no cristianismo atual. Constantemente me refiro a este ponto: o choque que tive ao entrar em uma livraria evangélica, procurando um livro sobre cristologia, e não encontrar um, um sequer. Mas encontrei quarenta e dois sobre satanás, maldições, sobre guerra contra o inimigo, batalha espiritual, arrancar a cidade das garras do diabo etc. A igreja evangélica contemporânea fez de satanás o grande astro do momento e a sua principal preocupação. Temos uma incongruência: demônios fortes e um Cristo fraco. Um Cristo que é incapaz de libertar a pessoa, que é salva por ele, mas fica presa de maldições de nomes, de palavras, de vudus, e que precisa da reza forte de um caboclo evangélico. E o Cristo do Novo Testamento, poderoso, que acalmava tempestades, curava cegos, paralíticos, sobrepunha-se a demônios, o que foi feito dele? Onde está Cristo? Quantas mensagens, nos últimos tempos, você ouviu que se centrasse na pessoa, no caráter e na obra de Jesus? Quantas você pregou, exclusivamente sobre a pessoa do bendito Salvador?”. Necessitamos de uma cosmovisão centrada na pessoa de Jesus para não nos desequilibrarmos. Ministério não é profissão, e é mais que vocação. É um ato de amor para com Jesus. Ele deve ser o Absoluto. Da mesma forma, toda a vida cristã é um relacionamento com Jesus. A verdadeira espiritualidade deve ser vista como o título do famoso livro de Tomas à Kempis: Imitação de Cristo. É buscar ter o caráter de Cristo. Como bem sintetizou Paulo quando disse tornem-se meus imitadores, como eu o sou de Cristo (1Coríntios 11.1).

(4) O entendimento de que a espiritualidade é uma postura assumida na vida
Podemos, sem violência aos termos, identificar “espiritualidade” com “piedade”. Na linha que sigo são sinônimos. E assim posso empregar um pensamento de Packer, deixado por ele na obra Religião Vida Mansa: “O que é a piedade essencialmente? Eis a resposta: É a qualidade de vida que existe naqueles que buscam glorificar a Deus. O homem piedoso não faz objeção ao pensamento de que sua maior vocação é ser um meio para a glória de Deus. Ao contrário, ele percebe isso como fonte de grande satisfação e contentamento (...). O desejo mais precioso do homem espiritual é exaltar Deus com tudo que ele é e em tudo o que ele faz. Ele segue os passos de Jesus, seu Senhor, que afirmou a Seu Pai no final de Sua vida aqui: Eu te glorificarei na terra (João 17.4), e que disse aos judeus: Honro a meu Pai... não procuro a minha própria glória (João 8.49). O evangelista George Whitefield pensava a respeito de si desta maneira, quando disse: 'Que o nome de Whitefield pereça, desde que Deus seja glorificado'”. É esta postura a ser assumida: mais Deus e menos nós. Hoje há uma doença que grassa no cenário evangélico e que John Stott chama de “holofotite”. Outra pessoa chamou de “importantite”. Muita gente se põe sobre o holofotes. Espiritualidade é ver-se como servo, como um instrumento, e buscar sempre a glória de Deus e nunca a nossa. Deus não existe para nos tornar felizes. Nós existimos para glorificá-lo.

(5) A compreensão correta dos atributos de Deus
Não envedarei por discussão teológica, distinguindo e analisando os atributos naturais e morais. Todos são profundos e, corretamente compreendidos, tem impacto na nossa vida. Vou me centrar em apenas um dos seus atributos naturais, a onipresença. Ela não significa que Deus está em todos os lugares. Ele não está numa lata de lixo ou em meia garrafa de refrigerante que está fechada. Não sejamos panteístas, confundindo Deus com o ar ou o espaço. Onipresença significa que o espaço não existe para Deus em termos de limitá-lO. Significa que Ele está onde é invocado (Jonas o encontrou no ventre de um peixe e Isaías, num templo). Aqui me vem a observação de Tilich de que se compreendermos corretamente a idéia da onipresença de Deus, toda a terra se tornaria um templo. Seríamos espirituais em todos os lugares. Espiritualidade não deve se manifestar no culto ou quando vestimos a indumentária clerical ou a “roupa de ver Deus”. É uma atitude diante do Sagrado e do Divino. Se entendermos espiritualidade como ter a consciência da presença de Deus e reagir à ela, não teremos uma espiritualidade cúltica ou profissional, mas constante.

3. ALGUNS MODELOS DE ESPIRITUALIDADE NO ANTIGO TESTAMENTO
Na continuidade da linha de raciocínio, apresento alguns modelos no Antigo Testamento. Muitos são os nomes possíveis de serem analisados, mas me limitarei a quatro.

1. O primeiro é Enoque
Sua síntese de vida está em Gênesis 5.24: Enoque andou com Deus; e já não foi encontrado, pois Deus o havia arrebatado. É a expressão “andou” que interessa. O tradutor Chouraqui verteu como “seguiu”, e fez a seguinte observação: “O verbo tem a forma hitpa’el, que seria necessário poder traduzir por uma forma pronominal ausente de nossa língua; este seguir é muito interiorizado”. Datler, outro estudioso do texto de Gênesis, assim afirma: “A forma verbal hebraica implica um proceder moral, em justiça e observância de leis, em grau mais acentuado do que todos os seus antecessores e posteriores”. Enoque é um modelo de espiritualidade contemporânea, apesar de sua antigüidade. É um homem que anda com Deus. Não é, necessariamente, andar fisicamente. Não é isto que o texto de Gênesis ensina. Mas sim que a sua conduta mostrava um homem andando na presença do Senhor. Muitos queremos que Deus ande conosco, ou seja, que Ele nos acompanhe por onde andarmos. Aqui está um homem que segue com Deus. Espiritualidade é caminhar com Deus, é proceder moral, em justiça e observância de leis (obediência). A morte é mostrada no Gênesis como conseqüências do pecado, a morte, não tem efeito sobre ele. É o homem que sobrepuja o pecado. Isto é espiritualidade.

2. O segundo é Abraão
Uso o texto de Gênesis 17.1 que bem expressa a exigência de Deus a este homem, exigência que ele atendeu: Quando Abrão estava com noventa anos de idade o Senhor lhe apareceu e disse: Eu Sou o Deus Todo-Poderoso; ande segundo a minha vontade e seja íntegro. De novo o verbo “andar”. É halaq, que assumiu a forma de halak, que é o termo empregado para designar o código ético hebraico. A idéia é de uma caminhada correta, que acaba se tornando um padrão. Muito se pode dizer sobre Abraão, mas o que mais me impressiona nele não são as suas riquezas, como o neopentecostalismo acentua, mas duas construções que ele levantava aonde chegava: altar e tendas. Altar, de pedras, para Deus; tendas, de peles, para ele. Para Deus o seguro, o duradouro, o indestrutível. Para ele, o passageiro. Ele é o primeiro homem chamado de “hebreu” (Gênesis 14.13). Deriva do verbo ‘abar, “passar através”. Ele era um peregrino. Deus era eterno. Espiritualidade passa por aqui pela consciência de nossa transitoriedade e da eternidade do Deus com quem lidamos. Além disto, a obediência marca a vida de Abraão. O autor de Hebreus, ao iniciar sua fala sobre Abraão, diz quando chamado, obedeceu (Hebreus 11.8). uma vida espiritual é uma vida de obediência ao Senhor, de conformidade com Sua palavra. Muitos tem procurado espiritualidade através de êxtases, experiências sensoriais e práticas litúrgicas. Ela é obediência. Lemos em 1Samuel 15.22: Samuel, porém respondeu: Acaso tem o Senhor tanto prazer em holocaustos e em sacrifícios quanto em que se obedeça a Sua Palavra? A obediência é melhor do que o sacrifício, e a submissão é melhor do que a gordura de carneiros. O sacrifício era a forma mais sublime de culto no Antigo Testamento e eis que um sacerdote diz que Deus prefere obediência a culto.

3. O terceiro é Davi
Deus o chamou de homem segundo o Meu coração (Atos 13.22). tenho observado que em muitos escritos sobre Davi o que mais se enfatiza são seus erros. Não vamos varrê-los para baixo do tapete. Eles aconteceram. Mas há um ponto a se ressaltar: pecou, mas se arrependeu. Os salmos 51 e 32 mostram sua atitude de quebrantamento após a acusação feita por Natã. Espiritualidade não é nunca pecar. É saber se arrepender quando pecar. A polêmica de Agostinho com o pelagianismo nos elucida nesse ponto. Pelágio e seus seguidores achavam que o cristão não pecava (a idéia de impecabilidade dos salvos já vem de longa data – os gnósticos combatidos por João e Judas já a defendiam). Seu lema era “não posso pecar”. Agostinho rebateu dizendo que não era assim. O correto é “posso não pecar”. Podemos ter vitória sobre o pecado, mas dificilmente sempre teremos vitória sobre o pecado. E é bom que assim suceda. Se não pecássemos não precisaríamos da graça. Seríamos perfeitos. E graça é para pecadores. Cabem aqui as palavras de João, meus filhinhos, escrevo-lhes estas coisas para que vocês não pequem. Se, porém, alguém pecar, temos um intercessor junto ao Pai, Jesus Cristo, o Justo (1João 2.1). Ele exorta seus destinatários a viverem uma vida vitoriosa, mas como nem sempre conseguirão, lembra-lhes que Jesus é nosso intercessor ou, como diz o texto grego, nosso paracléton junto ao Pai. Voltando a Davi, ele nos ensina que espiritualidade é saber se ver como pecador, aceitar que errou, chorar, confessar. É estranha a espiritualidade que não fala de pecado, de perdão, de quebrantamento, e só fala de triunfo. É preciso saber confessar e pedir perdão.

4. O quarto é Esdras
Este é uma personagem que me encanta. Surge na Bíblia sob uma apresentação seca, vivia um homem chamado Esdras (Esdras 7.1). Em Esdras 7.6, temos o primeiro vislumbre do seu caráter, Este Esdras veio da Babilônia. Era um escriba que conhecia muito a Lei de Moisés dada pelo Senhor, o Deus de Israel. O rei lhe concedera tudo o que ele tinha pedido, pois a mão do Senhor, o seu Deus, estava sobre ele. Um homem que conhecia as Escrituras e sobre quem a mão de Deus repousava. Era um estudiosos das Escrituras e a ensinava ao povo. Estudava para ensinar (não dependia do “gogó” de orador ou da “lábia” de pregador). Diz 7.10, pois Esdras tinha decidido dedicar-se a estudar a lei do Senhor e a praticá-la, e a ensinar os seus decretos e mandamentos aos israelitas. Mas o que mais me impressiona nele é a sua oração no capítulo 9. Repetidamente a tenho lido para aprender dele. Foi o povo quem pecou, não ele. Ele era pecador, mas aquele pecado (práticas repugnantes, em Esdras 9.1), ele não cometera. No entanto, em sua oração ele não acusa os irmãos. É uma oração comovente (Esdras 9.5-15 [Esdras]). Leiam-na com coração aberto e verão que caráter este homem possuía. Em momento algum ele usa “eu” e “eles”, no estilo de “eu estou pedindo por eles”. Ele sempre usa “nós”. Ele se identifica com o povo. Ele vê o pecado deles como dele. Espiritualidade não é farisaísmo. Tenho visto tantos santos arrogantes! Aliás, algo que me desconcerta é que em 33 anos de ministério pastoral, as pessoas mais problemáticas que encontrei na igreja são as “santas”. Não consigo entender como alguém tem uma experiência mais profunda com Deus ou com o Espírito Santo (na mente de alguns, o Espírito é mais Deus que o Pai e o Filho e só se revela aos especiais de Deus) e se torna insuportável. Há santos que são criaturas humanas horrorosas! Há santos que, quando entram em meu gabinete, fico feliz. Sei que serei edificado e que crescerei. Há santos que, quando entram, me encolho. Sei que vou tomar bordoadas, devemos fugir deste equívoco, o de olhar os que caem com desdém e dureza. Espiritualidade não é crueldade. Uma pessoa espiritual será misericordiosa, amorosa, compassiva com os que caem. Esdras ensina que espiritualidade exige empatia com os pecadores. Leva-nos a oração intercessória. Mais que intercessória, uma oração “identificatória”. Este é o maior traço dos de Jesus, segundo a profecia, e pelos transgressores intercedeu (Isaías 53.12). a verdadeira espiritualidade não leva a tripudiar sobre os mais fracos. Leva a interceder e chorar por eles.

Agora, uma síntese dos traços destes quatro personagens: andar segundo a vontade de Deus (Enoque e Abraão), priorizar a Deus (Abraão), ver seus pecados e não o dos outros (Davi) e nunca se colocar como crítico, mas como intercessor (Esdras). Nossa espiritualidade exibe esses traços?

4. ALGUNS MODELOS NO NOVO TESTAMENTO
Tendo visto alguns modelos no Antigo Testamento, vejamos alguns no Novo. Não vou citar Jesus. Seria peso muito grande. Também analisaremos quatro personagens e veremos em que eles nos ajudam.

1. O primeiro é José
Não o conhecemos pelo nome, mas pelo apelido. Ele surge em Atos 4.36, José, um levita de Chipre a quem os apóstolos deram o nome de Barnabé, que significa ‘encorajador’. Outras versões trazem “consolador” e outra “filho da consolação”. Ele se tornou conhecido na igreja pelo apelido, que retratava o seu caráter. Mais uma vez vemos a associação entre espiritualidade e relacionamento horizontal, com os irmãos. É muito fácil ter amor à obra, ter amor a cargos, ter amor à importância que damos à nós mesmos do que se preocupar com pessoas. Ele vendeu um terreno e, confiadamente, entregou o valor à liderança da igreja. Espiritualidade não busca proeminência e se preocupa com os necessitados. Muitos hoje medem a espiritualidade pelas bênçãos materiais recebidas, ou seja, por quanto a pessoa ganha. Há os que buscam o evangelho para enriquecer, para se tornarem empresários e resolverem seus problemas materiais. Uma espiritualidade hedonista, o que é um absoluto contra-senso. Com José, apelidado de Barnabé, vemos uma espiritualidade que dá. Que em vez de procurar ser abençoado, busca ser bênção. Que espiritualidade exibimos, a da sanguessuga, bem retratada por Agur, duas filhas tem a sanguessuga. ‘Dê! Dê!’ gritam elas (Provérbios 30.15), ou a de Barnabé? E quando damos, damos com o espírito de Barnabé ou com o de Ananias e Safira, por exibicionismo? Mais uma vez volto a esse ponto: espiritualidade não é teatralidade. E não é mero intimismo. Tem efeitos positivos sobre a vida dos irmãos. Há “espiritualidade” que destrói a igreja. Mas a verdadeira espiritualidade edifica o corpo de Cristo. Mais tarde, Barnabé se tornou o avalista de Paulo junto à comunidade cristã ressabiada com o novo convertido. Então Barnabé o levou aos apóstolos e lhes contou como, no caminho, Saulo vira o Senhor, que lhe falara, e como em Damasco ele havia pregado corajosamente em nome de Jesus (Atos 9.27). Aos pastores, isto nos adverte. Mas não é um pecado apenas nosso e também de muitos líderes na igreja. Então serve para todos. Por vezes, líderes vivem em disputa por espaço e por notoriedade. O colega de ministério é visto como se fosse um rival. O outro líder é um competidor e não um colega no serviço a Deus. Lutzer conta o que lhe disse um pastor auxiliar em uma igreja, que o pastor titular via como uma ameaça: “Nada o agradaria mais que a minha queda”. Não deve ser assim. A verdadeira espiritualidade busca o bem estar alheio e beneficia as pessoas próximas. Não vive em competição porque não precisa provar nada a ninguém, a não ser a Deus.

2. O segundo é Estevão
Ele surge em Atos 6.5, mas é em 6.8 que começa a se delinear seu caráter, Estevão, homem cheio da graça e do poder de Deus, realizava grandes maravilhas e sinais entre o povo. Um homem cheio da graça (não de graça, mas da graça) e do poder de Deus. A autoridade espiritual sempre aparece na vida da pessoa que cultiva a espiritualidade. Ela mesma não precisa dizer isto. As pessoas notam. A espiritualidade autêntica não se exibe ostensivamente. Ela aparece espontaneamente e é notada. Em Atos 6.10, lemos que ele era um homem sábio e cheio do Espírito. É muito boa esta ligação entre cheio do Espírito e sabedoria. Uma vida cheia do Espírito não é insensata. É outro aspecto que me intriga, ver como as pessoas autolegadamente cheias do espírito sejam tão carentes de sabedoria. E esta espiritualidade de Estevão não era para manifestação interna. Era para testemunho. Sempre entendi isto, que uma vida espiritual, cheia do Espírito, tornará isto evidente no testemunho aos de fora. A verdadeira espiritualidade é aquela que testemunha da fé, proclama o nome de Jesus não apenas com ousadia, mas com autoridade. Mas o que impressiona mais que tudo na vida de Estevão foi o testemunho que seus opositores deram dele: olhando para ele, todos os que estavam sentados no Sinédrio viram que o seu rosto parecia o rosto de um anjo (Atos 6.15). Isto não é romantismo, é realidade. O interior de uma pessoa aparece em seu rosto. Há crentes zangados, emburrados, alguns até com cara de buldogue, mas não com rosto de anjo. O mundo deve ver a autêntica espiritualidade em nossa vida. Deve ver em atos, na sabedoria com que agimos, e até mesmo no nosso semblante. Temos rosto de anjo ou cão de caça?

3. O terceiro é Paulo
Muitos textos poderiam ser usados a respeito, mas empregarei dois, apenas, Gálatas 2.20, fui crucificado com Cristo. Assim, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim. A vida que agora vivo no corpo, vivo-a pela fé no filho de Deus, que me amou e se entregou por mim, e 2Coríntios 11.21-33, o texto que fala dos seus sofrimentos pelo Evangelho de Jesus, para minha vergonha, admito que fomos fracos demais para isso! Naquilo em que todos os outros se atrevem a gloriar-se – falo como insensato – eu também me atrevo. São eles hebreus? Eu também. São israelitas? Eu também. São descendentes de Abraão? Eu também. São eles servos de Cristo? – estou fora de mim para falar desta forma – eu ainda mais: trabalhei muito mais, fui encarcerado mais vezes, fui açoitado mais severamente e exposto à morte repetidas vezes. Cinco vezes recebi dos judeus trinta e nove açoites. Três vezes fui golpeado com varas, uma vez fui apedrejado, três vezes sofri naufrágio, passei uma noite e um dia exposto à fúria do mar. Estive continuamente viajando de uma parte à outra, enfrentei perigos nos rios, perigos de assaltantes, perigos no mar. E perigos dos falsos irmãos. Trabalhei arduamente; muitas vezes fiquei sem dormir, passei fome e sede, e muitas vezes fiquei em jejum; suportei frio e nudez. Além disso, enfrento diariamente uma pressão interior, a saber, a minha preocupação com todas as igrejas. Quem está fraco, que eu não me sinta fraco? Quem não se escandaliza, que eu não me queime por dentro? Se devo orgulhar-me, que seja nas coisas que mostram a minha fraqueza. O Deus e Pai do Senhor Jesus, que é bendito para sempre, sabe que não estou mentindo. Em Damasco, o governador nomeado como rei Aretas mandou que se vigiasse a cidade para me prender. Mas de uma janela na muralha fui baixado numa cesta e escapei das mãos dele. A espiritualidade de Paulo pode bem ser compreendida aqui, na sua visão de vida cristã e de serviço cristão. Para ele, seguir a Cristo não era se assenhorar de uma passagem de primeira classe pelo mundo. Era, acima de tudo, identificação com Cristo inclusive no sofrimento. Muitos de nós queremos triunfo, não este processo de cristificação. Sobre Paulo, John Stott diz que ele era um homem “intoxicado de Cristo”. E em Gálatas 2.20 ele se declara cristificado. Espiritualidade, e me repito aqui, é identificação com Cristo. Por isso Paulo podia se colocar como modelo para os demais: mas você tem seguido de perto o meu ensino, a minha conduta, o meu propósito, a minha fé, a minha paciência, o meu amor, a minha perseverança (2Timóteo 3.10). Os pastores de mais tempo são modelo para os pastores iniciantes, para seminaristas, para jovens vocacionados? Como pais, tem sido modelo aos filhos? Ninguém é modelo por ocupar alguma função ou por ter uma posição doméstica. É porque é, porque tem autoridade. Há dois tipo de autoridade, a extrínseca e a intrínseca. A primeira vem de fora. Nós a temos porque temos um título, ocupamos um cargo ou desfrutamos de uma posição. A segunda é da pessoa, brota de dentro, produzida pelo seu caráter. A verdadeira espiritualidade fornece esta autoridade. Uma pessoa cristificada tem esta autoridade. E devemos lembrar disto: a verdadeira espiritualidade pode nos trazer sofrimento. E até mesmo das ovelhas, como Paulo deixa claro no sofrimento que os crentes de Corinto, tão cheios de dons e tão carentes de vida cristã (se puderem me explicar isto, agradeço) lhe infligiram. Os crentes corintianos (do ponto de vista bíblico e não futebolístico) continuam ativos em nossas igrejas. Aliás, tenho tomado mais bordoadas das ovelhas do que dos incrédulos. Mas o olhar deve ser para Cristo e a necessidade de até mesmo sofrer por ele.

4. O quarto é João
O homem que tinha por apelido “Boanerges”, “filho do trovão”, se tornou o apóstolo do amor, no fim da sua vida. Eis um homem com uma espiritualidade prática, vivencial, que mudou sua vida. Uma espiritualidade que produziu um caráter aperfeiçoado. Quando lemos suas cartas, principalmente a primeira, descobrimos o segredo. Uma das palavras chaves em seu escrito é “permanecer”. Ele a usa por pensamento joanino tem um conteúdo espiritual muito próximo. Mas o que significam? Permanecer em que, onde? Andas para onde, andar como? Para responder, vejamos, por exemplo, 1João 2.6, aquele que afirma que permanece Nele, deve andar como Ele andou. Permanecer em Jesus e andar como Jesus. Permanecer em Jesus (2.6 e 2.28), permanecer na luz (2.10), deixar que a Palavra permaneça em nós (2.14), deixar que permaneça em nós o que ouvimos, nossa herança teológica em Cristo (2.24), deixar a unção dEle permanecer em nós (2.27). Permanecer em Deus é guardar os seus mandamentos (3.24). Quando amamos nosso irmão, Deus permanece em nós (4.12). A certeza desta permanência é o Espírito dEle em nós (4.13). A permanência mútua, nós em Deus e Deus em nós, acontece pelo amor que manifestamos. A questão da espiritualidade se manifestar em relacionamentos é bem forte em João. Ele combate o gnosticismo que ensinava que a verdadeira espiritualidade é simples: amar a Deus, mostrando isto em firmeza e determinação, e amar os irmãos. Assim, permanecemos nEle. Assim, andamos nEle. Mas, quanto à questão de permanecer, lembremos que Paulo expressara idéia semelhante, quanto à você, porém, permaneça nas coisas que aprendeu e das quais tem convicção, pois você sabe de quem o aprendeu (2Timóteo 3.14). Poderíamos sintetizar isto em uma frase: espiritualidade é fidelidade. Não por estoicismo, mas por amor.

5. COMO DESENVOLVER ESPIRITUALIDADE
Ditas essas coisas podemos caminhar para um arremate final. Como desenvolver este tipo de espiritualidade?

1. Primeiro, devemos evitar a exclusividade de trilogia: orar, jejuar e ler a Bíblia
Não que isto não seja importante, porque é. É muito importante. Mas estas atividades são normais. São até mesmo de subsistência espiritual. Não é que a verdadeira espiritualidade seja anormal, na realidade, devemos orar, jejuar e ler a Bíblia. Mas espiritualidade, como tenho procurado mostrar, é mais que atos. É uma atitude tomada na vida. É uma disposição que deve brotar no íntimo. É uma visão da vida. Não há valor na oração sem sentimento, como se fosse uma reza. Não há valor no jejum sem sentimento, será apenas uma privação de alimentos. A leitura da Bíblia de forma desatenta e simplesmente para se dizer que se leu a Bíblia em um ano pode ser improdutiva. E o pior é quando ela é lida em busca de sermão para os outros. Antes das atividades, deve haver o sentimento, a postura diante de Deus. A trilogia significará pouco se não for subsidiada por uma disposição íntima. É a fome espiritual, fome de Deus, especificamente, que menciono a seguir.

2. Em segundo lugar, é preciso nutrir paixão pela Divindade
Isto quer dizer ter fome de Deus. Uma pessoa que pretenda espiritualidade nunca se sentirá suficientemente alimentada. Sempre terá fome espiritual. E isto pode ser nutrido de maneira silenciosa. Quando comemos não alardeamos para a vizinhança: “estou almoçando”! nossa fome de Deus deve ser algo íntimo, interior. Quando é publicada e trombeteada para mostrar como somos espirituais deixa de produzir efeitos. Pensemos no sentido de Mateus 6.17-18, ao jejuar, arrume o cabelo e lave o rosto, para que não pareça aos outros que você está jejuando, mas apenas ao seu Pai, que vê em secreto. E seu Pai, que vê em secreto, o recompensará. A recompensa não é dada aos que publicam seu desejo espiritual. A fome de Deus para impressionar recebeu de Jesus uma observação, eu lhes digo verdadeiramente que eles já receberam sua plena recompensa (Mateus 6.16). Se o que se deseja é tronar pública a espiritualidade, já conseguiu. Todos viram. Mas Deus se mostra a quem o busca com fome autêntica e sincera, vocês me procurarão e me acharão quando me procurarem de todo o coração (Jeremias 29.13). Amar a Deus, ter fome de Deus, buscar a Deus por Deus mesmo. Ter fome de Deus, não de sucesso. Ter fome de Deus, não de suas bênçãos.

3. Em terceiro lugar, é preciso temor de Deus
O amor não exclui o temor, porque temor, aqui, não é medo. É reverência. Gosto muito de Neemias 5.15, ao justificar ele porque foi honesto (é impressionante que as pessoas precisem se justificar por serem honestas), mas os governantes anteriores, aqueles que me precederam, puseram um peso sobre o povo e tomavam dele quatrocentos e oitenta gramas de prata, além de comida e vinho. Até os seus auxiliares oprimiam o povo. Mas, por temer a Deus, não agi dessa maneira. O temor de Deus o levou a agir corretamente. Ele era um homem espiritual e isto se evidenciou na sua conduta. Espiritualidade não se prova com arroubo verbal ou gestual, mas com ética. Isto deve nos soar como um alerta. Com muita facilidade, as pessoas que lidam com realidades espirituais se apossam delas, ao invés de se subordinarem a elas. Podemos nos acostumar tanto com Deus, com Sua Palavra, que deixemos de ser impactados por ele e por ela. A familiaridade leva a perder o temor. Ficamos tão acostumados que aquelas coisas que elas não mais nos impressionam. Cuidado para não cair na tentação de pôr-se acima do que pede do povo, porque aquilo lhe é comum. Paulo nunca se deixou dominar pela familiaridade. Seus últimos escritos, que se presumem ser as pastorais, principalmente 2Timóteo, mostram um homem profundamente consciente do impacto de Jesus na sua vida. Espiritualidade sem o temor de Deus não me parece muito consistente. A visão que Isaías teve da glória de Deus produziu nele uma sensação de temor: Ai de mim! Isto marcou sua vida. Ele se viu como pecador, sentiu-se desesperado e alcançou purificação. Isto o capacitou para uma vida de serviço. A verdadeira espiritualidade, produto do temor, impede que o serviço cristão seja mero ativismo e se torna um ato de culto a Deus. Sem o temor de Deus vem a leviandade. Choca-se, ainda, ver líderes cristãos fazerem piadas com o nome de Jesus. Recebi uma, pela Internet, com a pessoa colocando termos de baixo calão na boca de Jesus. Era gente de magistério na área de música, em seminário. E quando recriminei, ainda se zangou, dizendo que “a denominação estava podre”. A pessoa blasfemou e ainda endureceu o coração, jogando lama em cima de todo mundo para se justificar. E era empregado da denominação que ela dizia ser podre. Isto é falta de temor de Deus. Jesus merece respeito. Espiritualidade implica em reverência.

4. Pôr-se sob autoridade
Este requisito não pode ser esquecido. A espiritualidade autêntica se evidencia em humildade autêntica. Saber trabalhar sob liderança, acatar liderança, saber implementar projetos alheios, não reivindicar posição de mando. Impressiona-me que tanta gente tenha uma experiência com Deus e a partir daí funde seu movimento e se dê a si mesmo algum título superlativo, como apóstolo, arcebispo, primaz etc., ninguém se dá o título de servo, de lavador de pés, ou carregador de bagagem. Em nosso tempo, a espiritualidade cristã precisa resgatar a palavra de Jesus, em Mateus 23.11, o maior entre vocês deverá ser servo. O termo “servo”, hoje, tem a conotação de nobreza. É tratamento nobiliárquico. “O grande servo de Deus”, por exemplo. Servo não é grande. É servo. Obedece e não manda. Há muita gente que se esquece disto. A espiritualidade contemporânea deve se exibir em submissão a Deus, submissão à igreja (como há gente que se torna espiritual para dominar a igreja!) e submissão à denominação. Este pôr-se sob autoridade não significa servilismo, mas sim lealdade e cooperação. Eu me arrependo e me penitencio por ter me afastado da estrutura denominacional, alegando que havia coisas com as quais não concordava. Não foi bem isso. Pode ser que eu tenha pensado assim. Mas foi petulância em presumir que só eu sabia como as coisas deviam ser feitas. Não quero liderar, quero cooperar. E nos bastidores. Não quero evidência. Deus trabalhou em minha vida e me ensinou isto. Quem é espiritual sabe se subordinar. Quem queira ser espiritual precisa trabalhar em cooperação. Há muita gente ensinando deslealdade às suas igrejas. E corre o risco de sofrer esta deslealdade às suas igrejas. E corre o risco de sofrer esta deslealdade que ensinou. Parte de nossa crise institucional brota daqui, da falta de lealdade e de cooperação. Isto acontece porque estamos com um nível de espiritualidade que deixa a desejar. Quando não há espiritualidade, há dificuldade de se implementar relacionamentos sadios e cooperativos. Creio mesmo que muito de nossa crise denominacional é falta de espiritualidade. Há luta por poder, por evidência, conflito para saber que posição a pessoa ocupa.

5. O quinto é amar o rebanho ou o trabalho que temos que desempenhar
Parece que não tem muito a ver com o que estamos tratando ou que isto seja produto de espiritualidade. Servi ao Senhor com alegria (Salmos 100.2), diz a Bíblia. Nunca se pode servir a Deus por obrigação ou com o coração amargurado. E quando se faz com amor e coração, o relacionamento com Deus anda melhor, a graça flui, inclusive para nós. Façam tudo com amor (1Coríntios 16.14), disse Paulo. Qualquer atividade humana pode ser feita por obrigação, simplesmente por sobrevivência financeira. O serviço cristão só pode ser feito com amor, embora muitos de nós tiremos nosso sustento desta prestação de serviço. Uma pessoa espiritual fará a obra de Deus com amor e alegria. Mas fazer a obra de Deus com amor e alegria também produz espiritualidade, porque traz satisfação espiritual, produz realização, aquela sensação de se estar no lugar certo, envolvido com a causa certa. Um ministro cristão não pode se considerar apenas como um empregado de uma multinacional religiosa ou como um funcionário de Deus. Deve se ver como alguém cujas atividades são um ato de culto. O culto, para a pessoa que procura espiritualidade, não é apenas o cumprimento de uma liturgia. É toda a sua vida. O que faz para Deus não é para mostrar talento a alguém, mas é um ato de culto a Deus. Isto ajuda a manter uma vida espiritual sadia e equilibrada.

6. O sexto é nunca se satisfazer consigo mesmo
Li um quadrinho que dizia: “O primeiro sintoma de morte é a estagnação, e o primeiro sintoma de estagnação é estar satisfeito consigo mesmo”. Crescer é fundamental. É exortação bíblica: Cresçam, porém, na graça e no conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo (2Pedro 3.18). Crescer na graça e no conhecimento de Jesus é excelente, mas devemos crescer em todas as áreas. Há quem cresça espiritualmente e se torna uma criatura humana horrorosa. Não cresce como gente. São aqueles famosos santos intratáveis. Conta-se de uma igreja que prestou uma homenagem ao seu pastor por ocasião do aniversário deste. Uma se senhora foi orar e disse: “Nós te damos graças pela vida do anjo desta igreja”. A esposa do pastor murmurou entre dentes: “É Senhor, o Senhor sabe o anjo que eu tenho lá em casa”! Santos na igreja e demônio em casa é algo terrível. Uma pessoa que busque espiritualidade, buscará melhor seus conhecimentos, seu caráter, seu jeito de tratar os outros. Numa igreja que fui membro, um irmão dava um testemunho, contando que quando não era crente, quebrou uma garrafa na cabeça de uma pessoa, no bar de uma padaria, porque a pessoa, inadvertidamente, encostou o cigarro no braço de sua filha. Mas, agora, ela era convertida e não fazia mais isso. Quando entramos no carro, meu filho, que era adolescente, comentou: “O irmão fulano, antes dava garrafada no bar, hoje dá na sessão da igreja”. A pessoa não evoluiu. Não cresceu. Continuava a mesma pessoa violenta. Suas garrafadas agora eram verbais, não mais de vidro. A verdadeira espiritualidade produz introspecção. Aliás, os grandes místicos foram introspectivos, olhando mais para sua vida do que para a vida dos outros. Há um tipo de espiritualidade “casa de correção”, em que o espiritual quer corrigir o mundo. Lembra-me uma frase de Mark Twain, “muita gente fala em mudar o mundo, mas ninguém quer mudar-se a si mesmo”. Você quer ser espiritual? Procure mudar-se a si mesmo. Busque corrigir seus defeitos, e não os de seus irmãos. Busque crescer. Espiritualidade nunca é demais e nunca se chega a ser espiritual no máximo. Sempre se pode crescer. É a busca de melhora.

CONCLUSÃO
Se me perguntarem, “você se considera espiritual?”, responderei, sem pestanejar, “tenho espiritualidade, mas ela é deficiente, preciso melhorar muito”. E se me perguntarem, “se você não é modelo, por que deita falação como se fosse modelo?”. Bem, não quero ser modelo. Creio que modelo é alguém que não precisa melhorar. E eu preciso melhorar em muito. E a falação aqui exposta não é do tipo “façam que vai dar certo”. Aliás, é “escrivinhação”. E é mais nesta linha: “estou querendo ser melhor e pretendo caminhar nesta direção e aqui aponto”. E se você pode me ajudar a melhorar, ore por mim, porque, quando melhorar, se puder lhe ser útil, eu o serei com alegria. A vida cristã não consiste em críticas à vida alheia, mas em apoio mútuo. Ajude-me e eu tentarei ajudá-lo. E se crescermos em espiritualidade, o reino de Deus será beneficiado.

Fonte: http://www.dosenhor.com/estudos/espiritualidadecontemporanea.php

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Líder batista diz: "Fazemos homofobia"...

Líder batista afirma que a Igreja tem mentido sobre a verdadeira natureza da homossexualidade: “Fazemos homofobia”

O pastor Albert Mohler, presidente do Seminário Teológico Batista do Sul dos Estados Unidos e figura muito respeitada dentro e fora da denominação, disse no último dia 15 de junho, que os Batistas do Sul precisam se arrepender de uma “forma de homofobia” que mantém gays e lésbicas fora das suas igrejas. A declaração de Mohler foi dada quando respondia a uma pergunta de um conhecido blogueiro batista, Peter Lumpkins (vídeo abaixo), sobre se eram verdadeiros os comentários atribuídos a ele num artigo publicado em 24 de Março no Christian Science Monitor. Naquela ocasião, outro pastor batista, Jonathan Merrit, escreveu que Mohler teria dito o seguinte: “Nós temos mentido sobre a natureza da homossexualidade e temos praticado algo que somente pode ser descrito como uma forma de homofobia”, e “nós temos usado a linguagem da escolha quando está claro que a orientação sexual representa uma luta interna muito mais profunda e não meramente uma questão de escolha”.

Durante a recente Convenção anual dos Batistas do Sul (SBC – Southern Baptist Convention), o Pr. Mohler disse que “em nenhuma hipótese alguém de boa mente pode estar confundido sobre o que eu creio a respeito da homossexualidade”, porque ele já escreveu mais de 200 artigos sobre isso, mas “a realidade è que nós, como igrejas cristãs, não temos andado bem nessa questão”. Acrescentou que “os evangélicos, felizmente, têm falhado em seguir a trajetória liberal de mentir sobre a homossexualidade e sua pecaminosidade. Nós sabemos que a Bíblia claramente declara – não somente em versos isolados, mas na totalidade da sua apresentação e compreensão – o fato de que a homossexualidade não somente não representa o melhor de Deus para nós, como alguns tentam dizer, como também é pecado. Entretanto, nós como evangélicos temos uma história muito triste ao lidar com essa questão. Nós não temos falado a verdade, mas só a metade da verdade. Nós temos pregado a verdade bíblica, o que é importante, mas nós não a temos aplicado no sentido bíblico. Dizemos às pessoas que a homossexualidade é somente uma escolha quando é claro que é mais do que uma escolha. Isto não significa que seja menos pecaminoso, mas significa que não é algo que as pessoas possam simplesmente ligar e desligar. Nós não seremos pessoas do evangelho a não ser que entendamos que somente o evangelho do Senhor Jesus Cristo pode dar a uma pessoa homossexual qualquer esperança de ser liberta da homossexualidade”.

Mohler admitiu ainda que as igrejas não têm feito o seu trabalho, “já que existem aqueles que caíram na armadilha desse pecado e que estão sentadas entre nós”. Essas declarações deixaram o blogueiro Lumpkins “digerindo as informações”, já que o pastor Albert Mohler, por diversas vezes, se posicionou publicamente contra o casamento gay, a ordenação de pastores homossexuais e outros aspectos do que ele próprio chama de “normalizar o comportamento homossexual”, bem como chamou a iniciativa da Igreja Presbiteriana dos EUA em ordenar pastores homossexuais como “uma tragédia” e “um desastre teológico”. De qualquer maneira, a admissão pública de que existe um certo nível de homofobia dentro da igreja batista norteamericana, vinda de um líder dessa importância, deixou muita gente sem saber o que pensar.

Copiado de O Contorno da Sombra
Fonte original: Associated Baptist Press