sexta-feira, 30 de novembro de 2012

O Jornal Batista - edição 49

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quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Cristo e a cultura humana

Olá amigos, 

A respeito da notícia que colo mais abaixo deixo, de antemão, minha opinião:
Parte dos evangélicos (notem meu termo - "parte" - e nisto incluo alguns braços, tanto tradicionais quanto pentecostais e neopentecostais!) simplesmente demoniza tudo, ou quase tudo, que desconhece! 
Além de não respeitar (por desconhecer, creio) outras culturas, traz no bojo do seu discurso um pseudo-cristianismo engajado na discriminação, preconceito e ignorância cultural.
Isto (discriminação, preconceito e ignorância cultural - só pra ser bem redundante, porque é preciso para evitar 'leituras' erradas) nada tem a ver com Jesus Cristo e o que o Ele deixou para que fizéssemos.
Imagino o Senhor nos dias de hoje, e como seria Sua abordagem em uma questão como esta...
Vejo pessoas, em nome de Jesus, proferirem verdadeiras aberrações teológicas e, pior, agirem de forma totalmente anticristã e fora dos preceitos deixados pelo Mestre!
Não participar, neste particular da notícia abaixo, de um projeto escolar que versa sobre a cultura de outro país alegando preceitos cristãos é pura tolice!
Se fosse a cultura americana não haveria problema né? Ou se fosse cultura israelense também não, né?
Sou músico, como boa parte de vocês sabe, e ainda vejo - aqui mesmo em nosso nicho tocantinense - muita resistência em nossas igrejas para a utilização da nossa própria cultura no que diz respeito ao louvor musical e cênico! Uma das desculpas que ouço é exatamente essa: 'ah, isso não é bíblico!'.
Tenho minhas próprias resistências (lógico, sou humano e falho também!), mas policio-me para não deixar de ver como Cristo poderia (e pode) usar as nuances culturais de um povo para fazer sua Verdade ser proclamada cada vez mais!

É isto!

E o que você acha? Comente aí...

Eis a notícia, foco gerador do meu desabafo acima:

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Evangélicos se recusam a apresentar projeto sobre cultura africana, no AM

Feira cultural tem como objetivo apresentar África através da literatura.
'A temática fere preceitos bíblicos e contraria nossas crenças', disse aluno.



Professores se reuniram para debater questão  (Foto: Tiago Melo/ G1 AM)
Professores se reuniram com alunos e pais para debater questão (Foto: Tiago Melo/ G1 AM)
Cerca de 14 alunos evangélicos da Escola Estadual Senador João Bosco Ramos de Lima protestaram na frente da instituição nesta sexta-feira (9) contra a temática proposta na sétima feira cultural realizada anualmente na escola.

De acordo com um dos alunos, Ivo Rodrigo, de 16 anos, o tema "Conhecendo os paradigmas das representações dos negros e índios na literatura brasileira, sensibilizamos para o respeito à diversidade", vai de encontro aos preceitos religiosos em que acredita. "A Bíblia Sagrada nos ensina que não devemos adorar outros deuses e quando realizamos um trabalho desses estamos compactuando com a idéia de que outros deuses existem e isso fere as nossas crenças no Deus único", afirmou o aluno.

Para a professora coordenadora do projeto, Raimunda Nonata, a feira cultural tem o objetivo, através da literatura, de valorizar as diversas culturas presentes na constituição do Brasil como nação. "Através deste projeto podemos proporcionar um debate saudável sobre a diversidade étnico-racial brasileira. Mas não foi isso que aconteceu", disse a professora.

Segundo a professora, os alunos se recusaram a ler livros clássicos como 'Ubirajara', 'Iracema', 'O mulato', 'Tenda dos Milagres', 'O Guarany', 'Macunaíma', entre outros, por apresentarem questões como "homosexualidade, umbanda e candomblé".

Segundo a diretora da escola, professora Isabel da Costa Carvalho, os alunos montaram uma barraca sem a autorização da direção na qual abordaram outra temática que fugia à proposta inicialmente. "Eles montaram uma tenda com o nome 'Missões na África' na qual abordavam a evangelização do povo africano em seu próprio território", explicou a diretora. A diretora afirmou ainda que a atitude dos alunos desrespeita as normas e o plano de ensino da escola.

Alunos realizaram mostra paralela, chamada 'Missões na África' (Foto: Tiago Melo/ G1 AM)
Alunos realizaram mostra paralela, chamada 'Missões na África' (Foto: Tiago Melo/ G1 AM)
Outra estudante, Daniele Montenegro, de 17 anos, argumentou que desde o 2º bimestre os alunos vem apresentando a proposta à direção. "Desde o início do ano que tentamos falar com a diretoria e eles nos negaram uma reunião pra discutir o assunto. Somente nos proibiram de apresentar outro tema. Fomos humilhados em sala de aula por colegas e pelo nosso professor de história", contou a estudante.

A feira cultural, que teve sua primeira edição em 2006, aconteceu na quarta-feira (7) e nesta sexta. Ao final dela, pais, professores, coordenadores, alunos, representantes de turma se reuniram para debater a questão. "Minha filha é uma das melhores alunas da sala e por preconceito por parte dos professores, a nota dela e da turma da 'Missões na África' foi reduzida abaixo da média", afirmou dona Wanderleia Noronha, mãe de Stephane Noronha, de 17 anos, do 3º ano.

Ao final da reunião, o conselho escolar decidiu por mais uma reunião, a ser realizada na proxima semana, que contará com agendes da Seduc. "Discutiremos como ficará a questão das notas dos alunos. Se será necessário fazermos uma avaliação diferenciada para eles ou se avaliaremos o projeto 'Missões na África'", afirmou a diretora.

Fonte: G1 Amazonas

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

MPF quer o Real laico

ESTADO LAICO

MPF quer retirar frase

'Deus seja louvado'

das cédulas de reais

Da Redação - 12/11/2012 - 15h23

O MPF (Ministério Público Federal) quer retirar das cédulas de reais a expressão “Deus seja louvado”. A Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão em São Paulo entrou, nesta segunda-feira (12/11), com um pedido liminar na Justiça Federal para efetuar a mudança.

A procuradoria argumenta que o Estado brasileiro é laico e, portanto, deve estar completamente desvinculado de qualquer manifestação religiosa. Para o MPF, a frase “Deus seja louvado” atenta contra os princípios da igualdade e da não exclusão de minorias já que privilegia uma religião em detrimento de outras.

“Imaginemos a cédula de real com as seguintes expressões: ‘Alá seja louvado’, ‘Buda seja louvado’, ‘Salve Oxossi’, ‘Salve Lord Ganesha’, ‘Deus não existe’. Com certeza, haveria agitação na sociedade brasileira em razão do constrangimento sofrido pelos cidadãos crentes em Deus”, exemplifica o procurador Jefferson Aparecido Dias, autor da ação (clique aqui para ler a íntegra).

Para o procurador, o objetivo principal do pedido é proteger a “liberdade religiosa de todos os cidadãos”. Embora Dias reconheça que a maioria dos brasileiros professe religiões de origem cristã, ele lembra que “o Brasil optou por ser um Estado laico” e, portanto, não pode tomar partido de nenhuma religião.


No ano passado, quando passaram a ser impressas as novas cédulas de reais, o MPF recebeu uma representação questionando o porquê da permanência da frase no novo modelo.


Durante a fase de inquérito, a Casa da Moeda – local onde o dinheiro é impresso – informou que cabe exclusivamente ao Banco Central “não apenas a emissão propriamente dita, como também a definição das características técnicas e artísticas” das cédulas.

O Banco Central, por sua vez, lança mão da Constituição Federal para justificar a presença da frase. Logo no preâmbulo da Carta Magna, aprovada em 1988, constam os dizeres: “nós, representantes do povo brasileiro, (...), promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte Constituição da República Federativa do Brasil”.

Tradição
Em nota técnica enviada ao MPF, o Ministério da Fazenda afirma que a inclusão da expressão religiosa nas cédulas aconteceu em 1986, por determinação direta do então presidente José Sarney. Posteriormente, em 1994, com o Plano Real, a frase foi mantida pelo ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, supostamente por ser “tradição da cédula brasileira”.

“Não se pode admitir que a inclusão de qualquer frase nas cédulas brasileiras se dê por ato discricionário”, afirma o. Para ele, a legislação brasileira não autorizou o Conselho Monetário Nacional a manifestar preferência por esta ou aquela religião.

Crucifixos 
O dólar norte-americano também contém frase de cunho
cristão: "In God we trust"; na tradução: "Em Deus nós confiamos"

Em março, o TJ-RS (Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul) havia determinado a retirada dos crucifixos e símbolos religiosos presentes nos espaços públicos dos prédios da Justiça gaúcha.


A decisão, inédita no país, havia sido tomada após requisição da Liga Brasileira de Lésbicas. “É o único caminho que responde aos princípios constitucionais republicanos de um Estado laico”, argumentara o relator da matéria no TJ-RS, desembargador Cláudio Baldino Maciel.

O procurador do MPF em São Paulo também abordou a questão dos crucifixos em repartições públicas, na ação protocolada nesta segunda. “Quando o Estado ostenta um símbolo religioso ou adota uma expressão verbal em sua moeda, declara sua predileção pela religião que o símbolo ou a frase representam, o que resulta na discriminação das demais religiões professadas no Brasil”, argumentou.

Multa simbólica
A ação também pede que a Justiça Federal estipule multa diária de R$ 1,00 caso a União não cumpra a decisão de retirar a expressão. A multa teria mero caráter simbólico, “apenas para servir como uma espécie de contador do desrespeito que poderá ser demonstrado pela ré, não só pela decisão judicial, mas também pelas pessoas por ela beneficiadas”.

De acordo com o MPF, a liminar não vai aumentar os gastos dos cofres públicos, já que a ação civil pública estipula um prazo de 120 dias para que as novas cédulas comecem a sem impressas.

Número do processo: ACP 00119890-16.2012.4.03.6100 (leia aqui a íntegra da ação)

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Visibilidade da igreja ou de Cristo?

Olá amigos,

Como de praxe, ao chegar no meu serviço na Universidade Federal do Tocantins, abro minha caixa de emails, as redes sociais nas quais 'navego' (muito por conta do próprio serviço) e me deparo com a imagem-frase abaixo:


Pus-me a matutar sobre o texto e, rapidamente, abri meu arquivo de sites favoritos - que vai de bandas de rock pesado a teologias cristã e islâmica, passando por outros de discussão jornalística, de comunicação, semiologia, psicologia, antropologia e história (coisas que amo ler e debater sobre) - para tentar tecer uma linha de raciocínio sobre o que a frase me provocou e o que há dito de interessante neles sobre o assunto.

A frase remeteu-em à uma notícia recente da construção de uma megaigreja católica que o sacerdote desta religião, Marcelo Rossi, está a comandar em São Paulo. Também, linkado (ligado) a esta notícia, outra de que o pastor evangélico Silas Malafaia pretende erguer megaigrejas no mesmo estado. Em um hiperlink correlato leio que a militância gay evangélica americana (parece-se uma grande antítese isto) tenta diálogar com megaigrejas quanto às opiniões cristãs sobre o homossexualismo.

É algo muito enfronhado em mim - não gosto muito de igreja grande! Parece que a comunhão fica prejudicada, você acaba não interagindo com todo mundo e, daí, cria-se uma comunidade de conhecidos, não de irmãos! (é meu pensamento!). O que o texto me trouxe de reflexão é que quando a preocupação com a pregação da Palavra de Deus passa a ser menor que a gerada pela administração da igreja, esta perdeu o seu foco principal!

A preocupação em "servir" os crentes ('clientes'?) com a melhor iluminação, o melhor som, a melhor temperatura do ar condicionado, os melhores cânticos, a melhor palavra (principalmente a que não deixa o 'cliente' desgostado ou incomodado com sua vida, principalmente) tem se tornado uma premissa perigosa em nossos dias. Não que tudo isso não seja importante, mas não pode ser maior que a vontade de levar Jesus Cristo a pessoas que não O conhecem! Nosso 'serviço' enquanto servos e propagadores da Palavra de Deus não deveria ser, tão somente, com o quanto a nossa vida reflete a de Cristo? Isto, por sí apenas, nos impediria de ficar sentados domingo após domingo ouvindo sermões mornos e que não geram mudança alguma na vida!

Gosto muito de citar na classe de adolescentes, onde compartilhamos os ensinamentos da Bíblia na Escola Bíblica Dominical, o texto de Mateus 28:19 e 20 (Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; Ensinando-os a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos. Amém - http://www.bibliaonline.com.br/acf/mt/28). Insto para que eles preocupem-se em viver a Palavra, e não apenas se 'vestir' dela em determinadas ocasiões.

A preocupação exacerbada com a visibilidade da igreja - enquanto entidade civil, humana, falha, às vezes de visão míope e mesmo antropocêntrica (algumas personalistas mesmo!) - não reflete sua verdadeira missão! O caráter da igreja é missiológico - ou seja - a razão da igreja é missões, e não em acomodar (bem) o máximo de pessoas possível e prover a elas 'experiências' emocionais e desprovidas (muitas vezes) de qualquer ligação com o verdadeiro significado de ser cristão!

Deixo abaixo alguns links que podem nos auxiliar a pensar um pouco mais sobre esta verdadeira sanha pelo crescimento a qualquer custo! Estou aberto a críticas e também a outros comentários que, devidamente autorizados, poderão ser postados aqui, à guisa de um fórum para discussões a respeito.

Meus amplexos a vocês!

Seguem os links (há outros mais):

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Nadez em alto estilo


(*) Por Isaltino Gomes Coelho Filho

Gertrude Stein (1874-1946) cunhou o conceito nadez
Não é nudez. É nadez mesmo. É um conceito da filósofa Gertrude Stein. Ela criou o neologismo referindo-se ao vazio interior das pessoas, que lhes dá uma vida incolor. Elas necessitam de motivações, mas não querem causas que exijam engajamento. Também não querem estudar, e receiam coisas profundas. São superficiais e vegetativas. Alimentam-se do vazio e do nada. Isto é a nadez.

Quer ver exemplos de nadez? Selecionei, em três sites, notícias publicadas no dia 7 de janeiro. FOLHA.COM: (1) Fernanda Paes Leme curtiu o mar neste sábado; (2) DiCaprio apresentou nova namorada à mãe; (3) Marco Rizza se aborrece e levanta dedo para paparazzo. IG: (1) Famosos levam seus bebês ao teatro no Rio; (2) Cláudia Jimenez e Miguel Falabella jantam juntos no Rio de Janeiro; (3) Fernanda Lima e Rodrigo Hilbert curtem peça. UOL: (1) Paula Abdul termina relacionamento com Braston; (2) Top Ana Beatriz Barros vai à praia com namorado; (3) Filme fez Scarlett Johansson parar de comer carne. Tirando-se DiCaprio, que conheço pelo filme “Titanic”, se trombasse com os demais na rua não saberia quem são. Vez por outra encontro alguns desses famosos em vôos ou aeroportos. São-me tão conhecidos como eu para eles. Um cantor chamou-me de alienado porque eu não sabia quem ele era.

São notícias típicas da cultura nadez. Dão às pessoas a sensação de estarem informadas, de estarem por dentro dos bastidores. Sabem coisas. Banais e inúteis, mas sabem. Ajunte-se a isto o prazer que bisbilhotar a vida alheia dá e eis a realização da pessoa da cultura nadez. Ela se sente ocupada e tem uma sensação de cultura. Seu vazio intelectual, emocional e espiritual é preenchido com o nada.

Parece-me, sem querer ser maldoso, que estão surgindo uma cultura e uma geração medíocres. Fui pré-adolescente e adolescente nos anos sessentas. Aquela geração foi às ruas protestar. A geração de hoje vai aos shoppings consumir. Aquela queria transformar o mundo. A atual quer o melhor do mundo. O ideal cedeu espaço para o desfrute. Falta de grandeza.

"As pessoas querem agito, mas não reflexão.
Querem sensações, mas não estudo"
Mas meu grande receio é que a nadez esteja migrando para as igrejas. As pessoas querem agito, mas não reflexão. Querem sensações, mas não estudo. Nada de “pesado” deve ser pregado. Sermão expositivo? Nada disso! Que tal algumas historinhas? A mensagem e o culto devem ser “light”, como as notícias dos sites. O estudo bíblico cede lugar ao “compartilhamento”, um momento em que cada um conta uma história em que, geralmente, é o herói. 

Fui a uma reunião de estudo bíblico na qual as pessoas estavam sem Bíblia. Disseram-me, candidamente, que seu costume era o de compartilhar sua semana uns com os outros. É uma boa prática, mas não deveria receber o nome de “estudo bíblico”. O livro texto não era a Bíblia, mas as pessoas. Não se estudava a Bíblia. Papeava-se. Em muitos cultos nadez, as pessoas ouvem alguma coisa sobre Deus e cantam alguma coisa sobre ele. Mas nada “denso” (como alguém me recomendou para pregar), nada comprometedor. Tudo suave. Tudo nadez.

Alguns de nossos cânticos são nadez pura. O próprio enfoque da vida cristã não é mais o de ideal, mas o de desfrute: como ser abençoado, como conseguir o melhor na vida material, seguindo alguns bons conselhos espirituais. A vida cristã passou a significar uma vida tranqüila, cheia de coisas, e não o investimento da vida e dos bens no reino, num compromisso com o evangelho e com a igreja de Jesus. Nadez espiritual.

Nadez cultural já é lastimável. Mas nadez espiritual é pior. Ilude a pessoa. Leva-a a sentir-se realizada com migalhas que caem da mesa, e não com o pão farto. Leitor, você está na fase da nadez ou do tudez? Não tenho a envergadura de uma Gertrude Stein, mas deixe-me criar um neologismo. O tudez vem do esquecido hino “Tudo, ó Cristo, a ti entrego, tudo, sim, por ti darei”. Tudez dá realização. Nadez é engodo. Opte pelo tudez.

(*) Pr. Isaltino Gomes Coelho Filho é pastor da Igreja Batista Central de Macapá (AP)

terça-feira, 6 de novembro de 2012

Exposição de bíblias em São Paulo

Exposição de bíblias em SP reúne edições raras e curiosas


COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Daniel Tremel/Folhapress

Apesar de ser sinônimo das escrituras sagradas, a palavra bíblia não é um termo religioso e nem sempre serviu para designar os evangelhos.
O livro sagrado dos cristãos era conhecido simplesmente como 'escrituras' até que, em 1487, o termo foi grafado nas primeiras páginas de uma edição para indicar que se tratava do texto retirado dos rolos de papiro. E o nome ficou até hoje.
"A palavra 'bíblia' vem do grego 'biblion', que significa 'rolo'", explica o empresário e bibliófilo Antonio Cabrera Mano Filho, que disponibilizou um exemplar desta edição e outras obras raras para a exposição "A História da Bíblia", em cartaz no Instituto Mackenzie (centro de São Paulo).

Bíblias antigas
           
O termo 'bíblia' apareceu pela primeira vez na edição deste exemplar de 1487
Pequena, mas com peças interessantes e de alto valor histórico, a mostra, que faz parte das atividades de comemoração pelo aniversário de 142 anos do Mackenzie, tem 39 itens, entre obras raras e curiosas, cedidas pelo Museu da Bíblia e pelo colecionador.
Entre as obras mais antigas, estão expostos um fragmento do evangelho de João do século 9º e uma edição do século 13, manuscrita em velino (couro de ovelha).
"Uma bíblia como aquela precisava em torno de 500 a 600 ovelhas e demorava de 12 a 15 anos para ser transcrita", diz Cabrera.
Além da edição de 1487, podem ser vistas a bíblia Poliglota, uma versão bilíngue de 1514 com textos em grego e latim, patrocinada pelo cardeal Francisco de Cisneiros, a primeira edição do Novo Testamento em grego, de 1516, realizada por Erasmo de Roterdã, e a primeira edição em português, com 23 volumes.
Proprietário de uma biblioteca particular com cerca de 63 mil volumes de obras raras, orientada para temas sobre religião, Cabrera diz que uma de suas motivações é preservar a história.
"É um trabalho de gerações, de muita paciência. Tem que ir atrás, participar de leilões, fazer intercâmbios." Muitas peças participam de exposições no exterior pelo interesse que despertam. "Especialmente nos EUA e na Europa há uma preocupação muito grande em preservar. No Brasil, infelizmente, isso não acontece muito", diz.
Outra parte da exposição é dedicado a edições curiosas. Uma delas é a menor bíblia do mundo, com apenas 8 milímetros. Guardada em uma caixinha, vem acompanhada de uma lupa, para quem quiser se aventurar na leitura.
Também está exposto um Novo Testamento à prova d'água, que fica parcialmente mergulhado em um aquário. O livro é feito de material com poliuretano que não deixa a água penetrar e não distorce a letra.
"Quem for para a praia, estiver na piscina, for a uma pescaria, já tem uma bíblia que pode levar e não vai estragar", diz Cabrera.
Na saída, o visitante pode participar de uma edição colaborativa escrevendo um trecho da bíblia em um caderno.

A História da Bíblia - Centro Histórico Mackenzie, prédio 1, rua Maria Antônia, 307, Higienópolis, São Paulo, SP. Tel.: 0/xx/11/2114-8661. Até 14/11. Seg. a sex., 10h às 20h. Sáb.: 10h às 17h. Informações centrohistorico@mackenzie.br

Fonte: Folha de São Paulo